Em seus quase dois séculos de batuques, cantos e danças, cada loa, cada tambor, cada indumentária e cada calunga simbolizam a história, a força, a resistência, a cultura, a religiosidade, a tradição, a identidade e a ancestralidade do povo africano e afro-brasileiro.
Contudo, durante todo esse período, devido à própria natureza da pedagogia da oralidade, por meio da qual é feita a transmissão de saberes e fazeres do povo africano, quase nada foi documentado sobre o Maracatu Nação Leão Coroado. Ensaios, apresentações, Carnavais, oficinas, palestras e rituais ficaram guardados apenas na memória de quem vivenciou esses momentos e de poucas pessoas que ousaram fazer alguns registros, a maioria dispersos.
Partindo do pressuposto de que o registro e a salvaguarda de bens imateriais são basilares para proteger, conservar e preservar a memória, bem como assegurar a permanência e a continuidade dessas culturas e tradições, com foco na manutenção dos valores nela reconhecidos e como patrimônio de interesse coletivo, o grupo cultural Maracatu Nação Leão Coroado, em parceria com o Instituto de Cooperação Econômica Internacional (ICEI Brasil) e com o apoio de uma equipe de pesquisadores e profissionais das ciências humanas e sociais, das artes e da comunicação, elaborou um projeto de salvaguarda do próprio Leão Coroado, que inclui um conjunto de ações de identificação, pesquisa, sistematização e catalogação do acervo do grupo; produção de materiais de registro e divulgação, como um livro, um CD, um documentário audiovisual e este website; e oficinas de transmissão dos saberes e formação de aprendizes, com o envolvimento direto da comunidade cultural que integra o Leão.
Trata-se de um projeto que busca contribuir com o processo de salvaguarda do Maracatu de Baque Virado em Pernambuco e servir como luz e inspiração para projetos similares de outros grupos, respeitando as visões, os saberes e os modos de fazer de cada maracatu em Pernambuco.